Produtividade. Qualidade. Sustentabilidade. Previsibilidade. Como sabemos muitas são as melhorias que temos com a utilização do Building Information Modeling, porém ainda são raras as universidades que abordam esse conceito; além disso, as empresas relutam em adotar toda uma nova metodologia com tamanho grau de renovação.
O maior investimento inicial com a adoção do BIM pode desfocar o ganho de produtividade e lucro em longo prazo. Seja por falta de dinheiro, informação ou até por terem uma cultura antiga de construção, os responsáveis por cada etapa do projeto não demonstram o devido interesse pelos benefícios de ter um projeto totalmente previsível e integrado (com exceção de arquitetos, que vêm adotando o uso do Revit, por exemplo, há algum tempo). Além disso, como veremos a seguir, a falta de padronização e normas sobre modelagem tridimensional e paramétrica é outro fator decisivo na hora da implementação.
Mas afinal, quem já implementou ou está implementando e quem ainda está iniciando com BIM, e por quê?
O Brasil, de forma geral, está em um estágio intermediário entre o primeiro e o segundo estágio de adoção. Segundo Succar (2009), o primeiro estágio de adoção é aquele em que se baseia principalmente na parte tecnológica do BIM (leia-se Revit, ArchiCAD…), e é geralmente utilizado apenas por uma disciplina do projeto. Os resultados são desenhos, quantitativos e relatórios sobre o projeto correspondente, porém não passam disso.
O segundo estágio conta com o compartilhamento multidisciplinar, quando, por exemplo, há a colaboração direta entre arquiteto e calculista. A interoperabilidade, a comunicação do modelo arquitetônico e estrutural (ou quaisquer outros), permite uma maior previsão de interferências, mudanças e melhorias no projeto, antes mesmo dele sair do papel computador.
Busca-se atingir integralmente esse segundo estágio em pouco tempo, mas cada fase do projeto tem as próprias barreiras a serem derrubadas. Capacitação dos projetistas, aquisição dos softwares, padronização de bibliotecas e mudança da tradição da empresa, são algumas delas. A seguir cito outras, por disciplina:
Arquitetura
Por ser o responsável por um dos primeiros passos do projeto como um todo, o arquiteto desempenha um papel fundamental na implementação do BIM no decorrer do projeto. É do escritório de arquitetura que deve sair o primeiro arquivo compatível com o conceito de Modelagem da Informação da Construção, e felizmente o atual cenário desses escritórios no Brasil é, no mínimo, animadora: existe o interesse e o trabalho já está sendo feito.
Os problemas encontrados na disciplina de arquitetura para implantação do BIM estão muitas vezes relacionados a terceiros. Por exemplo, apesar do interesse, há uma escassez forte de profissionais capacitados ou há a incompatibilidade com os parceiros de projeto. No entanto, podemos ainda encontrar empresas onde sua equipe é resistente à mudança de software ou alegam que “não há tempo” para implantação.
Estrutural
Há certo interesse por parte dos engenheiros estruturais, contudo a falta de normas e padronização no uso da plataforma BIM estão entre os principais retardadores da adoção completa do conceito.
Não há uma única ferramenta trivial que lide com toda a complexidade de um projeto estrutural, portanto a transferência de dados de um software para outro se torna arriscada. Um projeto estrutural lida com informações muito sensíveis, e uma verificação adicional (ou seja, que demanda tempo) é indispensável na transição de informações.
MEP – Mechanical, Electrical and Plumbing
Os problemas enfrentados pelos engenheiros estruturais são ainda mais notados no projeto hidrossanitário e também elétrico (falta de normas, padrões e bibliotecas). Cada disciplina tem de lidar com os problemas enfrentados pelas anteriores, o que torna o uso do Building Information Modeling muito escasso desse estágio para frente. Mesmo assim, temos como grande exemplo a empresa Tigre, que investiu forte em bibliotecas e templates para usuários do Revit MEP; com tamanho incentivo e interesse de grandes companhias, todo o processo de modelagem da informação da construção sai ganhando, uma vez que se tornam ainda mais palpáveis os bons resultados.
Cliente final
Com o grande número de informações que o cliente pode ter antes mesmo de ter o projeto concluído, os imprevistos são minimizados junto com seus custos. O nível de exigência dos clientes está crescendo; assim, há varias customizações e mudanças que variam muito a cada novo projeto.
Por isso, é essencial o cliente saber que solicitar o uso do BIM facilita toda essa demanda. É importante também que seja difundida essa ideia e que ela se torne cada vez mais visível para pessoas fora do ambiente de projetos.
Incentivos do governo
Foram anunciadas 200 medidas do governo federal em 2013 para impulsionar a economia, e três delas estão relacionadas ao BIM; na íntegra:
Também foi apresentado, pelo Governo do Estado de Santa Catarina, um caderno técnico de projetos que é a base para apresentação e desenvolvimento de projetos BIM. Nele constam padronizações e formatações para os documentos a serem entregues; esse padrão se tornou obrigatório para projetos desenvolvidos para a Secretaria de Estado de Saúde de Santa Catarina.
O Exército Brasileiro também conta com a rede BIM, sua organização e dedicação é um exemplo para a implementação do processo no Brasil.
Previsão
O Brasil, tendo o mercado da construção civil deste tamanho, tem um potencial gigantesco de otimização de obras e planejamento. Além disso, com uma possibilidade de diminuir em mais de 10% o custo total de uma obra, ainda assim aumentando a qualidade e a tecnologia aplicada nos projetos, maior será o capital que poderá ser reinvestido e aplicado ao nosso setor. Parceiros como nós da BIMExperts potencializam esses avanços com a divulgação da informação, das boas práticas construtivas e do auxílio aos interessados.
Faça parte disso, compartilhe a informação e aplique seu conhecimento.
Confira aqui uma lista com os usos do BIM que podem não ser tão conhecidos (mas são muito úteis):
Conheça a campanha da Autodesk para a implementação de BIM (Inicie seu projeto piloto BIM agora):
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Até o próximo BIMConteúdo.
Por: Renato Gheno.
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